QUEM DISSE QUE CRIANÇAS NÃO GOSTAM DE CHOCOLATE AMARGO?

Quando você era criança, provavelmente detestava chocolate amargo. Mas acredite se quiser, este não é o caso de muitas crianças dos dias de hoje.

Com tanto acesso à informação, a maioria de nós já sabe que chocolates com baixo teor de cacau podem ser prejudiciais à saúde. E que ao contrário, os chocolates com grande concentração deste ingrediente trazem inúmeros benefícios ao nosso corpo.

Só que a maioria dos pais relata que na preferência dos pequenos estão justamente os chocolates com muito açúcar e pouco cacau. E aí surge o dilema, chocolate e criança pode ser um match perfeito?

Eu escuto com muita frequência os pais dizerem: “Meu filho não gosta de chocolate amargo”.

Mas eu acho que, na verdade, essas crianças ainda não conheceram um bom chocolate amargo.

Obviamente cada criança é única e como tal, tem preferências individuais. Mas no geral, não é difícil que uma criança se apaixone pelos chocolates amargos; desde que seja de boa qualidade.

De fato, o paladar infantil tem predileção por sabores doces e mais dificuldade em aceitar os gostos amargos. Mas, especialmente nos primeiros anos de vida da criança, somos nós adultos que apresentamos os alimentos para ela e com isso as ajudamos a definir seus hábitos alimentares futuros.

Os pais das crianças pequenas de hoje fazem parte de uma geração que foi intensamente exposta a chocolates de baixa qualidade, com quase nada de cacau. Os chocolates “junk” sempre estiveram presentes nos momentos mais agradáveis e festivos, então é claro que eles têm memórias afetivas muito positivas associadas a esses alimentos. Já o pouco chocolate amargo disponível no mercado nesta época, também de péssima qualidade, era extremamente desprazeroso.

Embora uma parcela mais bem informada dessa geração, agora adulta, entenda que chocolates acima de 70% de cacau são as melhores escolhas, quando se trata dos seus filhos as memórias afetivas são resgatadas. Os pais sentem que ao proibir seus filhos de comer os chocolates mais doces estão privando-os da alegria que tiveram na infância. E pior, sentem que ao dar chocolates amargos estão submetendo seus filhos a uma experiência desagradável.

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Nós adultos acreditamos tanto nessas ideias, que acabamos, de forma inconsciente, concretizando estas crenças.

E na verdade, é provável que alguns pais não tiveram sucesso ao oferecer chocolates amargos para seus filhos porque se tratava de um chocolate de baixa qualidade, ainda que tivesse muito cacau.

Bons chocolates, são fabricados com cacau de boa qualidade e passam por um processamento minuciosamente bem executado, o que resulta num perfil de sabor mais equilibrado e não necessariamente com um alto amargor, mesmo que tenham muito cacau na composição. Além disso, por apresentarem o verdadeiro sabor do cacau e serem ricos aromaticamente, podem oferecer uma experiência deliciosa também para a criançada. 

Estes fatores fazem com que seja perfeitamente possível que o chocolate amargo caia no gosto das crianças.

Ao tentar poupar a criança de uma experiência com estes chocolates, por supor que ela não vai gostar, estamos na verdade tirando a chance de ela desenvolver um paladar apurado e de aprender a gostar de chocolates melhores. E estamos também estimulando a predileção por chocolates de baixa qualidade.

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Mas afinal, quais são os bons chocolates?

Embora a regra “quanto mais cacau, melhor” pareça simples, alguns detalhes são fundamentais para determinar a qualidade de um chocolate e sua aceitabilidade ao paladar:

1 – Não adianta ter alto teor de cacau, mas ter gordura vegetal adicionada, pois ela pode ser prejudicial à saúde e tem um sabor residual desagradável.

2 – Além da gordura vegetal, alguns chocolates podem conter outros aditivos industriais. É importante ficar atento à lista de ingredientes, que deve ser pequena e sem nomes complicados.

3 – Chocolates amargos feitos com cacau de baixa qualidade terão sabor desagradável ao paladar e, especialmente no caso das crianças, terão baixa aceitabilidade. A melhor escolha são os chocolates com origem ou variedade do cacau indicadas no rótulo.

É importante dizer que mesmo trazendo muitos benefícios à saúde, não significa que a criançada possa comer chocolate amargo à vontade. O equilíbrio é fundamental e são os adultos que devem controlar o consumo.

Nutricionistas indicam 15g diárias para crianças acima de 2 anos (para chocolates com mais de 60% de cacau). Então não deixem o chocolate disponível em tempo integral.

Antes de 2 anos é recomendação da OMS que não se dê alimentos que contenham açúcar ou qualquer outro tipo de adoçante. Os nibs de cacau e até mesmo o chocolate 100% podem ser boas opções nestes casos, pois trazem todos os benefícios do cacau e ainda vão ajudar a “treinar” o paladar da criança para aceitação de alimentos mais amargos no futuro.

Lembrando que é muito importante conversar com um pediatra ou nutricionista para saber se estes alimentos se encaixam na dieta do seu filho. Até 2 anos, a alimentação requer a orientação individualizada de um profissional.

Para quem já acompanhou uma criança que foi educada desde cedo a consumir bons chocolates, sabe da imensa alegria que ela sente ao comer um 70% e em muitos casos até mesmo um 100%.

Se esse não é o caso do seu filho e ele ainda não tem uma boa aceitação para os chocolates amargos, fique tranquilo que dá para chegar lá de maneira leve e prazerosa. Não é preciso ser radical. Faça a transição gradativamente, começando por algo mais suave.

Os chocolates dark milk são ótima escolha, pois têm boa quantidade de cacau, mas têm a cremosidade e a doçura própria do leite, que ajudam a causar um impacto menor nos paladares menos acostumados com o amargor. Vá aumentando aos poucos o percentual de cacau nos chocolates do seu filho e em pouco tempo ele se acostumará com os chocolates mais intensos.

Outra dica é o Mapa de Degustação Infantil (disponível na nossa loja), um material incrível que estimula a criança a viver a experiência de comer um bom chocolate de forma ainda mais gostosa, lúdica e divertida.

É sempre importante destacar que crianças não compram alimentos. Portanto, se elas têm acesso a chocolates de baixa qualidade é porque algum adulto os comprou. Lembre-se que os pais são o exemplo. Se você come este tipo de chocolate com frequência, não adianta querer proibir seus filhos. Se este for seu caso, que tal melhorar seus hábitos de consumo?

Aqui na Chocolata, nós tememos o melhor catálogo de chocolates feitos com cacau fino e somente bons ingredientes. Com certeza você vai encontrar várias opções para deixar você e seu pequeno muito felizes.

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TEXTO ESCRITO COM A COLOBORAÇÃO DA NUTRICIONISTA NATÁLIA BERTULUCCI @nutrinataliabertulucci