O COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO ESTÁ EM NOSSAS MÃOS

Algumas semanas atrás falamos que grande parte do chocolate disponível nas prateleiras dos mercados foram produzidos com mão de obra escrava e/ou infantil.

A pergunta de hoje é: o que nós podemos fazer para mudar este cenário?

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O trabalho escravo na produção de cacau tem raízes históricas, culturais e sociais. 70% do suprimento de cacau do mundo todo vêm da África Ocidental, onde a situação de extrema pobreza obriga as pessoas a se submeterem a tais condições.

Resolver o problema é complicado quando falamos de pessoas que vivem na miséria, muitas vezes sem ter nem mesmo o que comer. Entretanto eu acredito que a solução mais efetiva está muito mais na mudança do consumo do que nas mudanças políticas.

O trabalho escravo só existe porque há quem compre o produto final. E aí você pode estar se perguntando: “Então tenho que parar de consumir chocolate?”.

Não! Nós precisamos saber escolher nossos chocolates.

Certificações são indicadores que nos ajudam, pois a proposta da maior parte delas é de garantir que não houve exploração de trabalhadores.

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Cerca de 30% do cacau produzido no mundo recebe algum tipo de certificação. Algumas das principais empresas certificadoras são: UTZ, Fair Trade, Rainforest Alliance.

Mas ainda há muita polêmica em torno da questão das certificações.

A maioria das certificações garantem que um certo lote de cacau comprado por uma empresa foi produzido e comercializado de forma justa. Entretanto não garantem que todo o cacau dessa mesma empresa não possa vir de fontes obscuras.

Um outro ponto que empresas de menor porte apontam é que o custo para se obter tais certificações é muito alto.

Além disso, algumas denúncias de exploração de mão de obra dentro de fazendas certificadas, têm gerado ainda mais controvérsia sobre as certificações.

Então, como ter certeza de que meu chocolate não foi produzido por meio de exploração de pessoas?

Como já falamos, as gigantes do chocolate não compram seu cacau diretamente do produtor e sim um subproduto do cacau, já beneficiado. Assim elas declaram que é impossível rastrear todo seu suprimento de cacau, dado o imenso volume e as diversas fontes que necessitam.

Entretanto, empresas menores têm optado por um modelo mais simples de produção: elas mesmas selecionam e compram o seu cacau e participam de todo o processo de fabricação do chocolate. É o que conhecemos por modelo Bean to Bar ou em alguns casos Tree to Bar.

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Além da transparência em relação às suas fontes de cacau e da ausência de intermediários neste processo, as empresas, por meio deste acompanhamento global da fabricação do chocolate, conseguem garantir uma qualidade maior no seu chocolate. Isso porque para se produzir um ótimo chocolate, é necessário um ótimo cacau, fermentado e secado adequadamente. Portanto a participação do produtor é fundamental. Se ele não receber um pagamento justo por isso, este trabalho certamente será mal executado.

Este modelo também é mais artesanal e não atinge escalas industriais. Já pensaram o que isso significa? Ao invés de beneficiar uma única grande empresa, serão necessárias centenas de pequenas empresas para atender à demanda. Isso fortalece a economia local e torna o controle das fontes de do cacau muito mais simples, uma vez que nenhuma empresa trabalharia com volumes gigantescos. E pensem na diversidade que teríamos nos nossos mercados? A cada dia uma nova marca, um novo estilo, uma nova receita para descobrir.

Então lembre-se, quando você opta por consumir um chocolate de qualidade superior você está escolhendo apoiando relações mais justas.

Aqui na Chocolata nós apoiamos esse novo modelo oferecendo o maior catálogo online de chocolates Bean to Bar do Brasil.

Conte conosco para construir esse mundo melhor!

Escrito pela Chocolatier Alessandra Dias (@alessandra_bdias)